Se você pudesse ser levado para uma memória de afeto neste exato momento em que me ler, certamente essa memória teria características semelhantes a uma obra de arte em processo: você se lembraria do cheiro, das texturas, dos contrastes de luz e sombra, do movimento, e talvez até arriscasse conceituar a cena, certo? E se, para além dessa memória afetiva você também pudesse ser levado para a sua primeira experiência com o mundo das artes, que descrição teria ela? Estaria no museu nos muros? Na galeria ou a céu aberto? Havia sido uma experiência primeira celebrada com uma vernissage requintada na abertura de uma grande exposição na principal galeria da cidade ou estaria naquela primeira infância quando a professora de Artes dirigiu uma atividade de colagem coletiva inesquecível para comemorar o dia das mães com recortes de jornal e revistas ou mesmo o folclore brasileiro usando macarrão de sopa para produzir adereços?

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Agora vamos para outro cenário. E se de repente estes mesmos pedaços de memórias tão detalhistas e iconográficas, ao invés de criar uma nova imagem preenchida de registros visuais,  passasse a criar imagens cheias de vazios e borrões, descontextualizadas? Se no lugar da lembrança da primeira exposição só fosse possível visualizar uma enorme tela em branco? Ou mesmo o atelier vazio, o espaço sem performance, um palco sem cena, um vídeo sem frame? 

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É deste espaço de memória-esquecimento, cheios e vazios, que peço licença para escrever e investigar a crítica de arte no Brasil, em especial, na Bahia.

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Área de concentração: memória visual como registro, Artes Visuais.

Linhas de pesquisa: teoria e crítica da arte.

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